Boloz

sábado, setembro 30, 2006

Metamorfose das Praxes

Com certeza todos os leitores que assiduamente visitam este belo e sempre actualizado blog, e agora fazem-no muito atentamente, já reparam que, nos últimos dias, um pouco por todo o lado, há jovens vestidos de negro com capas ao ombro ou ao braço a tratar mal outros jovens que agora estão a entrar no ensino superior, fazendo-lhes aquilo a que se chama de Praxes. Como aluno do ensino superior, e por já ter sido praxado, é giro. Quando se está no primeiro ano, dá para rir e até achamos alguma graça quando gozam com os outros. O pior é quando depois os caloiros que se riram do colega têm de cantar aos saltos “ri-me, fodi-me!”. Mas devo confessar que o que mais confusão me faz é quando se vê mulheres a praxar. Não entendam isto como algum comentário puramente machista, nada disso! Não queremos ferir susceptibilidades neste blog, vivemos numa sociedade livre e democrática, sem preconceitos e sem ideias estereotipadas. Simplesmente quem já assistiu a praxes mais do que uma vez, consegue perceber o que digo.

E o que digo é o seguinte, meus caros leitores: Porque é que as mulheres quando estão trajadas e a praxar os caloiros assumem personagens? Sim, porque não passa de uma personagem que elas interpretam, elas no fundo não são nada assim. Muitas vezes até são exactamente o contrário. Parece que quando ouvem a palavra “praxes”, lá dentro no cérebro há um interruptor que se liga, que na prática quer dizer: “Em situação de praxe a caloiros no ensino superior, ao accionar este botão, a mulher transformar-se-á por completo, gritando como um homem, praguejando como se tivesse dois testículos no meio das pernas (sim, porque os testículos é que fazem a voz ficar grossa), mandando calar tudo e todos, querendo ganhar protagonismo e autoridade quando não têm nenhuma, expelindo os seus desejos sexuais mais profundos fazendo jogos marotos e provocantes aos caloiros, pensando para si próprias: ‘Hummmm! Gostava tanto de estar ali a fazer aquelas sem-vergonhices!’ “.

Mas a melhor parte nas praxes surge na necessidade de eleger o mister caloiro. Aqui é que elas ficam doidas. Pedem-lhes para fazer danças parvas, seguido de um strip-tease e, por fim, algumas perguntas sobre as posições sexuais preferidas dos caloiros e fazendo juízos de valor sobre os mesmos através da pouca informação que obtém. Embora isto também aconteça com os Homens, mas apesar de tudo, qualquer conversa entre indivíduos do sexo masculino tem esses temas todos: sexo.

E digo isto porque já estive no papel de caloiro e agora estou no papel de veterano, e nas minhas praxes reparei nisso. É engraçado poder reparar que todos nós temos aqueles e aquelas colegas que se sentam sempre nas mesas ou cadeiras da frente, têm sempre mil e uma perguntas para fazer ao docente, nunca faltam, têm os apontamentos das cadeiras todas em dia, só falam com o grupinho de amigos com o qual se identificam e não falam com mais ninguém, são sempre muito mais inteligentes que os colegas e, quando há apresentações para os restantes colegas, são sempre os únicos a fazer perguntas e a apontar erros. São aqueles que separam a lista de conhecidos na faculdade, uns são amigos, outros são colegas. São aqueles que marram horas e horas, e depois no dia das frequências são apanhados pelo professor com cábulas, e que mesmo assim não ajudam os colegas que estão aflitos porque não sabem certa e determinada resposta, só ajudam os amigos.

Gostemos ou não, todos nós temos estas pessoas nas nossas turmas, nem é preciso terem andado no ensino superior, sequer – não vamos ser sectários. Pois são exactamente estes nossos colegas que, nas praxes, se transfiguram. No espaço de uma semana, ou por vezes dias, são grandes malucos e fazem tonterias e dizem inclusivamente asneiras em voz alta! Mandam calar os caloiros e fazem uma voz de autoridade. Há uns até que nesses dias arriscam a beber uns tragos de cerveja.

Na semana seguinte, voltam ao seu estado normal.

Mas isso vale o que vale.



Chiffon
porque o chocolate é bom e quando se mastiga faz som

domingo, setembro 03, 2006

Manifesto Anti-ex-namorados

Em primeiro lugar, um pedido de desculpas aos nossos 5 ou 6 leitores pela fraca produção de posts nestes últimos tempos. O motivo é óbvio: férias. Mas voltámos, e prometemos que o regresso será uma ejaculação de ideias com tal potência que pode engravidar qualquer teoria, por mais infértil que seja. Mas vamos ao que interessa.

Hoje abordarei um tema típico desta altura do ano, em que há relações que terminam, outras que começam e outras que nunca mais acabam. O tema é, portanto, ex-namorados.

Os ex-namorados, essa praga da sociedade moderna.

Não há nenhum homem (ainda que homossexual) que não se tenha deparado com um ex-namorado. Estes surgem de formas diversas, contudo o seu aparecimento acontece sempre nos momentos mais inoportunos. A sua aparência depende, mas de forma geral não primam pela beleza. A indumentária é totalmente C&A e, aqui e ali, surge uma peça da Pull&Bear, criteriosamente escolhida, certificando-se desta forma que era mesmo a coisa mais bimba que podiam ter comprado. Embora intelectualmente limitados, conseguem ser bastante persuasivos com o sexo feminino, através de gestos e grunhidos - a forma mais complexa de manifestação suportada pelo seu cérebro. Sempre que nos encontram na rua cumprimentam-nos com um magnífico sorriso à “filho da puta”, de peito inchado e na posse de um daqueles acessórios fenomenais pseudo-metrossexuais que nos deixam na dúvida se terá sido roubado à sua própria mãe ou surripiado da Parfois.

Chatos por natureza, os ex-namorados são useiros e vezeiros da tecnologia, em particular da Internet e do telemóvel. E, ainda que desaconselhados a manterem contacto com a ex-namorada, os ex-namorados recorrem às altas instâncias familiares, vulgo pais e irmãos da ex-namorada, para garantir aliados que os ajudem a re-estabelecer contacto. Quando não conseguem alcançar os seus intentos, comem uma gaja, para que se possam animar. Quando conseguem, também comem uma gaja, para mais tarde relatarem o episódio à ex-namorada, usando, no final do relato, a táctica do arrependido, garantindo assim mais 10 minutos de conversa de engate, que se resumem a uma frase: “Desde que te traí com a empregada de limpeza do meu prédio que não páro de pensar em ti”.

De quando em vez, os ex-namorados surgem metafisicamente, em forma de história. Esta é a forma mais secante em que os mesmos podem surgir, ainda que talvez seja a mais suportável, dependendo da ocorrência (ou não) de descrições técnicas de momentos mais intímos. Porém, nestes casos, podemos facilmente decapitar a conversa, puxando novos temas, tais como: “Havia uma charca, a caminho de Nisa...”, “Então e se forem 99 de onde vierem?” ou mesmo “Nunca lá fui, mas diz que havia uma charca, a caminho de Nisa... Diz que morre lá muita gente”.

Eu, como cidadão deste país, e para o bem de todas as relações, exijo que seja decretada uma lei que permita abater livremente todo e qualquer ex-namorado, antes que estes abatam (ainda) mais relações. I have said.

Éclaire
Quero ter um affair